Existe uma história infantil, de um aprendiz de feiticeiro, que tem uma profunda mensagem para o ser humano. Em um castelo no alto de uma montanha, morava um poderoso feiticeiro, o qual, com seu livro de magia e sua varinha, fazia toda sorte de encantamentos.
Um dia, contratou um ajudante para serviços gerais, e este, aproveitando-se de uma saída do patrão, pegou a sua varinha, abriu o livro mágico e começou a mexer com o que não conhecia. No início, conseguiu fazer com que as vassouras criassem vida e fizessem o seu trabalho de limpeza do castelo; em seguida, animou os baldes, que se enchiam de água e andavam pela casa de um lado para o outro, lavando tudo ao seu caminho.
Animado com seus novos poderes, continuou fazendo suas mágicas até que perdeu o controle das forças liberadas e ficou desesperado, pois não era mais senhor da situação. Os baldes não paravam de jogar água pelo castelo e as vassouras varriam cada vez com mais força, destruindo tudo pelo caminho.
Em pouco tempo, tudo aquilo que era uma diversão se tornou um terrível pesadelo. Na história, apareceu de volta o verdadeiro mestre, colocou as coisas em seus devidos lugares e, o assustado aprendiz de feiticeiro aprendeu a lição, aceitando com humildade as reprimendas do seu patrão. Esta história infantil, transformada em filme por Walt Disney, deveria ser uma leitura obrigatória para todos que lidam com manipulações genéticas, visando a criação de seres híbridos.
Terá o homem, o direito de liberar forças das quais provavelmente não terá o controle e nem imagina seus futuros desdobramentos? Poderá colocar em risco as gerações futuras por mudanças sutis no código genético? Recentemente vimos pesquisas com os fios das teias de aranha. Estes fios são considerados mais resistentes que o próprio aço ou resinas tipo Kevlar, que é utilizado em blindagens pela indústria bélica. Os estudos mostraram que, se conseguíssemos uma malha com fios da espessura de um lápis, ela teria a resistência para parar um avião em pleno voo, da mesma forma que um besouro é parado por uma teia de aranha.
Cientistas americanos estudam a criação de um colete especial feito com a pele humana e as teias da aranha. A ideia é substituir a queratina existente na pele humana por material genético das aranhas, para que o próprio corpo humano se transforme em um colete a prova de balas natural. Na medida em que for descoberto mais sobre o genoma humano e sobre as manipulações genéticas em geral, poderemos imaginar um futuro com soldados que possuam coletes naturais a prova de balas, que pulem mais alto, que corram mais rápido, que enxerguem muito mais longe e assim por diante. Podemos também imaginar um futuro onde as crianças são feitas em laboratórios e outras existam somente para fornecimento de material genético e órgãos, como algumas histórias de ficção já estão prevendo. Os cientistas já sabem como modificar geneticamente plantas e alimentos.
A próxima etapa será a modificação do ser humano. Quando isso acontecer, o Homem, tal qual o ajudante do feiticeiro, perderá o controle. O problema é que não haverá a chegada do mestre para corrigir seus erros.
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