O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, reza pelos muçulmanos da Caxemira indiana antes de seu discurso na assembleia legislativa em Muzaffarabad, capital da Caxemira controlada pelo Paquistão - AFP
O premiê do Paquistão, Imran Khan, alertou nesta quarta-feira (14) que seu país responderá a qualquer agressão por parte da Índia em seu lado da Caxemira.
Este território montanhoso habitado principalmente por muçulmanos já foi a causa de duas das três guerras entre os dois Estados.
“O Exército paquistanês tem informações sólidas de que pretende fazer algo na parte paquistanesa da Caxemira”, afirmou Khan em um discurso em Muzaffarabad, a capital desse território.
“Decidimos que, se a Índia cometer uma violação, vamos lutar até o fim”, acrescentou.
“Chegou a hora de lhes ensinar uma lição”, disse ainda.
A mudança de tom é muito clara do lado paquistanês.
Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Shah Mehmood Qureshi, declarou que seu país não contemplava a opção militar.
“Examinamos as opções políticas, diplomáticas e legais”, afirmou então.Na quarta passada, porém, Islambad anunciou a expulsão do embaixador indiano no Paquistão e convocou seu representante diplomático em Nova Délhi para consultas.
O governo paquistanês também suspendeu o comércio bilateral, uma medida mais simbólica, considerando-se os limitados vínculos comerciais entre ambos.
As tensões entre os dois vizinhos e as potências nucleares aumentaram desde que a Índia revogou há dez dias a autonomia constitucional da parte da Caxemira sob seu controle e é reivindicada pelo Paquistão.
Os nacionalistas hindus também aprovaram no Parlamento alterações administrativas da região, que agora será formada por duas entidades distintas, Jammu-y-Kashmir e Ladakh.
A medida explosiva, que busca colocar essa região rebelde sob uma tutela mais direta de Nova Délhi, foi declarada “ilegal” pelo Paquistão.
Os dois países disputam a Caxemira desde sua divisão em 1947, ao final da colonização britânica.
A parte indiana da Caxemira está isolada do restante do mundo desde 4 de agosto. As autoridades indianas impuseram um bloqueio de comunicações e fortes restrições de tráfego.
Temendo manifestações em massa em um território onde uma insurreição separatista deixou 70.000 mortos desde 1989, o governo de Nova Délhi também mobilizou dezenas de milhares de soldados adicionais.
De acordo com o governador de Jammu-y-Kashmir, o toque de recolher imposto por parte da Índia na Caxemira sob seu controle será atenuado após as comemorações na quinta-feira do Dia da Independência. Já as comunicações por telefone e Internet continuam cortadas.
As autoridades reduziram as restrições de forma temporária no domingo passado para permitir que a população da Caxemira preparasse as celebrações da festa muçulmana do Aid al Adha, que começaram na segunda-feira.
Novas medidas foram adotadas após as manifestações que reuniram centenas de pessoas, de acordo com os moradores.
Ainda no domingo, Imran Khan comparou a falta de ação da comunidade internacional diante do que está acontecendo na Caxemira ao silêncio que cercou a ascensão do nazismo e o surgimento de Hitler na Alemanha nos anos 1930.
Postar um comentário