Caças sul-coreanos efetuaram 360 disparos de advertência depois que um avião militar russo violou o espaço aéreo reivindicado por Seul e Tóquio. A Rússia nega a acusação e os disparos sul-coreanos.
Seul afirmou que um caça russo A-50 entrou duas vezes no espaço aéreo sul-coreano perto das disputadas Ilhas Dokdo, que o Japão chama de Takeshima. Tóquio acusa a Coreia do Sul de ocupar essas ilhas ilegalmente.
As autoridades de Seul afirmaram nesta terça-feira (23) que responderam à entrada do avião russo em seu espaço aéreo despachando caças F-15K e KF-16, que fizeram as centenas de disparos, de acordo com a France Presse.
"Estamos avaliando este incidente de forma muito séria e tomaremos medidas mais duras se isso acontecer novamente", disse o assessor de Segurança Nacional Chung Eui-yong, de acordo com a porta-voz da Casa Azul, a presidência sul-coreana.
O Japão reclamou da incursão russa e da resposta sul-coreana.
"Fomos informados que aviões militares russos que sobrevoavam o Mar do Japão esta manhã violaram nosso espaço aéreo perto de Takeshima duas vezes. Emitimos fortes protestos", disse o chefe de gabinete do governo japonês, Yoshihide Suga.
Suga disse ainda que o Japão enviou aviões militares para a região, mas protestou junto à Coreia do Sul por sua resposta, que considerou extremamente lamentável.
De acordo com a BBC, esse é o primeiro incidente envolvendo a Coreia do Sul e a Rússia.
Já as tensões entre Seul e Tóquio estão relacionadas às indenizações às vítimas sul-coreanas da política japonesa de trabalho forçado durante a guerra pioraram este mês, quando Tóquio restringiu as exportações de materiais de alta tecnologia para a Coreia do Sul.
Rússia nega
O Exército russo negou, por sua vez, ter violado o espaço aéreo sul-coreano, assegurando que seus aviões "sobrevoaram as águas neutras do Mar do Japão".
"Dois bombardeiros Tu-95MS das Forças Armadas Russas realizaram um voo planejado sobre as águas neutras do Mar do Japão", disse o ministério russo da Defesa em um comunicado, acrescentando que "nenhum tiro de advertência" foi disparado pela Coreia do Sul.
Segundo o Exército russo, trata-se de uma "zona de reconhecimento de defesa aérea" estabelecida unilateralmente por Seul e que não está prevista pelo direito internacional nem é reconhecida pela Rússia.
"A rota dos aviões Tu-95MS respeitou as regras internacionais", insistiu, acusando, por sua vez, dois caças sul-coreanos F-16 de "realizar manobras não-profissionais, cortando a rota de bombardeiros estratégicos russos e representando uma ameaça à sua segurança".
"Os pilotos sul-coreanos não tentaram entrar em contato com as tripulações dos Tu-95MS (...) e nenhum tiro de advertência foi disparado pelos caças sul-coreanos", afirmou o ministério da Defesa russo.
Incidentes semelhantes ocorrem regularmente no Mar Báltico entre os aviões russos e ocidentais, acusando-se mutuamente de se aproximarem demais do espaço aéreo um do outro.
Em maio, seis aviões russos, incluindo bombardeiros estratégicos, também foram escoltados do Alasca por caças americanos.
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